sábado, 2 de fevereiro de 2013


quaresma-1


Espiritualidade da quaresma

quaresma-1A Quaresma é o tempo propício de preparação para a maior de todas as festas: a Páscoa. É um tempo privilegiado para se aprofundar mais a Palavra de Deus. O cristão é chamado a interiorização, a olhar por dentro e examinar suas atitudes.
Quaresma é convite ao homem para se renovar, restabelecer a paz, partilhar o pão. A Quaresma é o caminho para a Páscoa. Toda Páscoa é antecipada pela cruz. Na Quaresma a liturgia e a Igreja nos mostram o sofrimento e a renúncia como caminho para a participação na Festa Pascal.

Jesus redimiu o homem numa cruz. A cruz e o sofrimento dos homens são redentores quando em comunhão com o Cristo Pascal, morto no madeiro. Para o cristão o sofrimento e a cruz são sinais de vida e esperança. A cruz hoje, não é só de Cristo, mas de toda a humanidade, na qual Cristo se encarnou e fez morada. A comunhão com a cruz de Cristo significa a Páscoa acontecendo na humanidade.
Viver a Quaresma é assumir os caminhos de conversão, de renovação, de purificação e de santidade. Converter-se é voltar-se, colocar-se na procura do essencial, do mais profundo. Converter-se não é apenas sentir dor ao contemplar a Paixão de Cristo, mas comprometer-se com Cristo na libertação de todo o pecado.
Assim, a Quaresma é tempo para descoberta profunda do pecado, para se chegar a libertação plena: Páscoa. Todo encontro com Deus santifica, modifica o coração do homem e o reanima na caminhada. Por isso, a Quaresma é tempo de colocar-se frente a Deus e frente a vida. Só ficar nas boas intenções é o grande perigo deste tempo. Outro perigo e deixar-se fascinar pela aparência, o "faz de conta", a hipocrisia, em suma: a "falta de coração puro". "O coração puro é o verdadeiro sacrifício que Deus quer: rasgai os vossos corações e não as vossas vestes". Penitência, sacrifício, confissão.
Ao falarmos de conversão, queremos entender um constante repensar de nossa vida, assumindo os compromissos tomados, para assim produzirmos os frutos de libertação.
Convertei-vos... ouvimos ao receber cinzas sobre nossas cabeças. Quando o ser humano reconhece sua condição de criatura necessitada da ação de Deus ele entra numa atitude pascal, isto é, de passagem com Cristo da morte para a vida. Esta Páscoa nós a vivemos na conversão, através dos exercícios da oração, jejum, da esmola ou partilha de bens e gestos solidários, no espírito do Sermão da Montanha.
O Rito da imposição das cinzas é, no fundo, celebração da vocação do ser humano, chamado a imortalidade, contanto que realize o mistério pascal de morte e vida em seu peregrinar por este mundo.
O fundamental não é o que conseguimos fazer, mas o que Deus faz em nós. Por isso, a conversão é deixar Deus agir em nós, dando a Ele o lugar que Ele merece em nós.
Pe. Raymundo Gomes de Oliveira