sexta-feira, 22 de julho de 2011

O ARREPENDIMENTO DA VELHA MÃE 22-07

 Há muito tempo, uma velha estava sentada sozinha, ao cair da tarde. Justamente naquele dia, havia morrido sua última amiga, deixando-a sozinha, sem parentes ou pessoas em quem confiar e, em sua dor, recordava os muitos infortúnios por que passara, através dos anos. Primeiro havia morrido um filho, depois o outro, quando ainda eram crianças. Posteriormente, o marido - seguido de uma tia, de uma irmã e de todos os seus parentes, um a um. Agora estava sozinha e empobrecida. Em sua desventura, a velha mãe amaldiçoou o destino e voltou-se então contra Deus..

- O que eu fiz para merecer isso? - lamentou-se.

O bimbalhar dos sinos da igreja a acordaram e ela levantou-se., surpresa. - Dormi a noite toda sentada na cadeira! - exclamou. Correu logo para a igreja, como fizera todas as manhãs da sua vida. Quando chegou à capela, espantou-se ao constatar que ela não estava, como de costume, vazia. Os bancos estavam cheios de gente e a velha mãe se sentiu pouco à vontade, pois não reconhecia ninguém de sua aldeia. Então deu-se conta de que os fiéis ali presentes eram amigos e parentes que já haviam morrido!

Nesse momento, uma tia aproximou-se e disse à velha que olhasse para o lado do altar. Lá, a velha divisou dois moços, um pendurado na forca e outro amarrado na roda, ambos criminosos e fora-da-lei. - Isso é o que os seus filhos teriam sido - disse a tia - se o bom Deus não os tivesse levado para o céu, ainda inocentes. A velha mãe encheu-se de arrependimento e gratidão e correu para a casa, tremendo de emoção. Chegando lá, caiu de joelhos e agradeceu a Deus pela graça que antes não soubera ver. No terceiro dia , ela morreu, mas seu olhar estava tão calmo que todos os vizinhos se confessaram maravilhados quando chegaram para enterrá-la. 

(Resumo do conto "A velha mãe" da obra de J. Grimm. The Complete Grimm's Fairy Tales, Trad. Por M. Hunt (Nova York: Pantheon, 1944)) 



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