domingo, 30 de dezembro de 2012

A fé não vai de férias Escrito por José Luís.




A fé não vai de férias

Escrito por José Luís.
Mais importante do que descobrir um país em 15 dias é redescobrir a nossa própria família em 15 dias. As férias são um momento precioso para um tempo familiar rico e inesquecível. Os pais, os guias da família, não só orientam os filhos na vida, como lhes devem ensinar a ver a Beleza no mundo.
As férias são óptimas por causa do descanso, das viagens, das idas à praia, mas sobretudo porque, para a maioria, há a possibilidade de pais e filhos estarem mais tempo juntos. Ou seja, é o tempo ideal de as famílias serem famílias.
Todavia, neste tempo, não há catequese, e a Eucaristia sofre um decréscimo significativo de cristãos mais novos. Cabe, então, principalmente aos pais, não deixar que se façam umas autênticas férias de fé. Como?
Estudos recentes têm comprovado que as crianças e os adolescentes aprendem sobretudo dos seus pais, na forma como eles vivem, agem, pensam e reagem. Sendo as férias um tempo familiar, são também um tempo para uma dedicação especial dos pais em relação aos seus filhos – a todos os níveis, inclusive o espiritual.

Fonte de crescimento

Rezar - Fonte de crescimentoNa verdade, a educação e influência dos pais nunca se mantêm apenas ao nível da afectividade e da transmissão de conhecimentos intelectuais e morais, mas abrange também a transmissão da fé, ajudando ou não, ao florescer da vida espiritual da criança e do adolescente. Em declarações à FAMÍLIA CRISTÃ, Maria João Ataíde, educadora de infância e professora de Pedagogia na Escola Superior de Educadores de Infância Maria Ulrich, esclarece: «Nós sabemos hoje, através das ciências humanas e de orientações teológicas, que a dimensão espiritual, ou seja, a nossa componente espiritual, está presente desde que somos concebidos. Essa dimensão espiritual, tal como a dimensão cognitiva, intelectual, ou a dimensão fisiológica, carece e necessita de alimento e estímulo, para se desenvolver plenamente.» E acrescenta: «A dimensão espiritual é absolutamente indispensável para uma vida mais feliz, plena e realizada, consigo própria e com os outros. Porque esta dimensão é o que nos faz ir acima do mero quotidiano de sobreviver diariamente, ou de realizar diariamente as tarefas de comer, dormir, trabalhar para ganhar dinheiro.»
A espiritualidade pode ser estimulada e experienciada dando relevo à profundidade das relações, ao silêncio da alma, ao espanto e à contemplação da criação de Deus. Um passeio no parque, uma ida à praia, um pic-nic, todas estas ocasiões são momentos em que uma experiência espiritual pode trazer uma luz renovada e rica à nossa percepção da vida, do mundo, dos outros e de Deus.
Maria João Ataíde salienta que «as férias não devem ser tempo de vazio». «Ir a um jardim público com uma criança, por exemplo, pode ser feito de uma forma trivial em que a criança vai e brinca sem qualquer finalidade ou outra coisa acontece quando o adulto se empenha com a criança. Ser capaz de não ler todo o jornal ou livro que lê habitualmente nesse momento e observar aquilo em que a criança se interessa, aquilo que ela pergunta. Então, há uma interlocução, um dar seguimento e um dar atenção aos comentários, olhares, expressões da criança que enriquecem aquilo que ela vai captando do mundo.»
A família é um espaço de crescimento, um núcleo de afecto e de transmissão de vida, e é por isso uma força poderosa para a vida quotidiana de cada um: seja para os pais, seja para os filhos.
É a partir da família que se constrói a comunidade, e é pela construção da comunidade que o mundo, a sociedade, se enriquece constantemente. Relembrando as palavras de um grande pedagogo da fé, o agora Beato João Paulo II, na Exortação Apostólica Familiaris Consortio: «A família, fundada e vivificada pelo amor, é uma comunidade de pessoas: de esposos, homem e mulher, de pais e filhos, e dos parentes. A sua primeira tarefa é a de viver fielmente a realidade da comunhão num constante empenho por fazer crescer uma autêntica comunidade de pessoas.»


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